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TAP abre inquérito a responsáveis de RH que publicaram vídeo sobre recrutamento em Madrid


 

A administração da TAP decidiu abrir um inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis aos dois responsáveis dos recursos humanos que aparecem num vídeo publicado nas redes sociais, no qual referem estar em Madrid a recrutar pessoal para a transportadora.

“Tendo tomado conhecimento de uma publicação nas redes sociais na qual intervêm, a título pessoal, dois trabalhadores da companhia, com responsabilidades na área dos recursos humanos e dado o momento que a TAP vive, em que a todos nós são pedidos sacrifícios, decidiu o Conselho de Administração abrir, de imediato, um processo de inquérito seguido dos procedimentos disciplinares aplicáveis a esta situação”, disse fonte oficial da TAP em resposta à Lusa.

“Neste momento delicado da vida da companhia, o Conselho de Administração expressa a sua solidariedade para com todos os trabalhadores da TAP e apela ao bom senso e recato de todos”, acrescentou a mesma fonte.

Em causa está um vídeo publicado na página do Facebook do responsável dos recursos humanos da Manutenção & Engenharia da TAP, João Falcato, no qual surge acompanhado pelo diretor de recursos humanos da companhia aérea, Pedro Ramos, no qual afirmam estar a recrutar pessoas para a TAP Madrid, para a área de carga.

A TAP está a ser alvo de um processo de reestruturação, devido à situação financeira difícil causada pela pandemia, que implicou a redução do número de trabalhadores.

Contactada pela Lusa, a Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP lamentou a “cena triste” publicada nas redes sociais, que “roça o imoral” e o “fora de senso”.

“É muito injusto para os trabalhadores portugueses e, realmente, se estão a reduzir pessoas aqui, se há redução de salários, então vão para Espanha contratar?”, disse a coordenadora da CT, Cristina Carrilho, à Lusa, acrescentando que acredita que se tivesse sido proposto a ida para Espanha a trabalhadores que saíram da companhia no processo de redução de pessoal, alguns aceitariam.

A CT adiantou que vai questionar a empresa, no sentido de perceber se há um processo de recrutamento em curso.

“Mas isto é figuras que se façam? Isto é gozar com as pessoas. É uma cena muito triste e é gozar com as pessoas”, sublinhou Cristina Carrilho.

Em 2020, a TAP voltou ao controlo do Estado português, que passou a deter 72,5% do seu capital, depois de a companhia ter sido severamente afetada pela pandemia de covid-19 e de a Comissão Europeia ter autorizado o auxílio estatal de 1,2 mil milhões de euros.

Já este ano, no final de abril, a Comissão Europeia aprovou um novo e intercalar auxílio estatal de Portugal à TAP, no valor de 462 milhões de euros, para novamente compensar prejuízos decorrentes da pandemia e, segundo a transportadora, garantir liquidez até à aprovação do plano de reestruturação por Bruxelas (que ainda decorre).