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Presidente da SATA diz que já há interessados na privatização da Azores Airlines


 

O presidente da SATA Holding, SA, Luís Rodrigues, anunciou que há, pelo menos, “meia dúzia de interessados” na privatização de 51% da Azores Airlines, mesmo sem estar concluído o caderno de encargos.

“Já tivemos meia dúzia de manifestações de interesse, mas só depois de o caderno de encargos estar pronto é que terão de falar com quem de direito [o acionista Governo Regional], e definirem se o interesse é material ou não”, explicou o administrador da do grupo SATA, ouvido hoje na comissão da economia do parlamento açoriano.

Luís Rodrigues, que foi indigitado pelo executivo de coligação (PSD/CDS-PP/PPM) para continuar a gerir os destinos da companhia aérea açoriana, adiantou ser provável que apareçam ainda mais interessados na aquisição de, pelo menos, 51% da Azores Airlines, embora a expetativa seja que só “dois ou três” apresentem propostas.

“Acredito que, por aquilo que conheço, haja dois ou três que concretizem e que tenham interesse em dar continuidade ao processo”, disse.

O presidente da transportadora aérea regional lembrou que, financeiramente, a SATA “está melhor agora” do que quando o anterior executivo socialista lançou o primeiro concurso para a privatização da Azores Airlines (que não se concretizou) e adiantou que os resultados operacionais, relativos a 2022 “serão melhores” do que no ano anterior.

Luís Rodrigues garantiu também que a SATA não terá necessidade de recorrer à banca, a partir de agora, e que a empresa deverá tornar-se “autossustentável”, depois do processo de privatização da Azores Airlines estar concluído.

“A companhia deve ficar autossustentável a partir de 2023”, frisou.

O processo de reestruturação da SATA, que está a ser acompanhado pela Comissão Europeia, prevê que, além da privatização parcial da Azores Airlines, a companhia aliene também a SATA Handling, que se dedica ao transporte de bagagem dos passageiros da SATA, mas o administrador não está ainda convencido dessa necessidade.

“Neste momento, diria que seria mais razoável a SATA assumir que faz o seu próprio ‘handling’, e ficar com os seus próprios trabalhadores”, defendeu, em resposta a uma questão levantada pelos deputados, preocupados com o futuro dos cerca de 400 trabalhadores daquela empresa.

Os parlamentares quiseram também saber se a SATA irá concorrer às obrigações de serviço público nas ligações aéreas entre os Açores e o continente, que atualmente dão prejuízo (Lisboa/Santa Maria, Lisboa/Pico, Lisboa/Horta e Funchal/Ponta Delgada) e serão financiadas, em 2023, pelo Estado em cerca de nove milhões de euros.

“Diria que deve ficar no caderno de encargos que a SATA, na sua nova estrutura acionista, tenha sempre de apresentar uma proposta”, respondeu o administrador, adiantando que, se a transportadora regional “perder” o concurso “não vem mal nenhum ao mundo”, porque significa que “alguém estará a fazer a mobilidade dessas ‘gateways’”, o que é “o mais importante de tudo”.

Os deputados questionaram também Luís Rodrigues sobre os resultados operacionais de algumas rotas que a Azores Airlines está a realizar, nomeadamente para Nova Iorque, Boston e Paris, que alegadamente têm tido pouca procura, mas o administrador entende que “há rotas que levam algum tempo a consolidar” e adiantou que a operação em Nova Iorque poderá render muito dinheiro.

“Tivemos a notícia de que nos foram atribuídos os ‘slots’ em Nova Iorque, nomeadamente no Aeroporto J.F. Kennedy, para uma operação diária em 2023 e, se tudo correr bem, esses ‘slots’ passarão a adquirir um caráter histórico”, explicou Luís Rodrigues, adiantando que “só esses slots podem valer mais do que toda a companhia”.

O administrador da SATA, que foi nomeado, pela primeira vez, pelo anterior executivo socialista, foi reconduzido agora pelo atual executivo de direita, e foi ouvido no parlamento na sequência da imposição do estatuto do gestor público regional, que obriga os administradores indigitados a prestarem depoimento junto dos deputados.