Trabalhadores do grupo SATA estão a assinar um manifesto em que defendem a “recondução imediata” do atual conselho de administração em nome do “futuro” da empresa, segundo o documento, a que a Lusa teve acesso.
No manifesto, que já reuniu cerca de 100 assinaturas, os trabalhadores manifestam a sua “inequívoca vontade de ver assegurada a estabilidade, a continuidade e o futuro da SATA” através da recondução de Luís Rodrigues, o presidente, e dos restantes membros no conselho de administração, cujo mandato termina no final do ano.
Os subscritores alegam que o grupo SATA apresentou “durante anos consecutivos resultados negativos” devido a “fatores externos da mais diversa ordem e internos”, mas “maioritariamente por via de uma gestão influenciada por terceiros que tenderam a ignorar a sua realidade económica e financeira”.
Perante as dificuldades, acrescenta o documento, o acionista da SATA (o Governo Regional) “resolveu, e bem, nomear para presidente e vogais do conselho de administração três profissionais conhecedores da indústria com provas dadas a nível nacional e internacional”.
“As dinâmicas que trouxeram à organização, sejam humanas, comerciais ou de natureza técnica permitiram não só ultrapassar uma pandemia, que teve um enorme impacto no transporte aéreo a nível mundial, como preparar a SATA para emergir mais forte e em posição concorrencial às demais companhias aéreas”, é referido.
A postura da administração, é também sublinhado, “revelou-se fundamental no ritmo de recuperação da atividade” e permitiu “recuperar uma confiança que havia sido perdida junto dos passageiros, trabalhadores do grupo e do povo açoriano”.
Por isso, é reconhecida à gestão do grupo “uma vontade e confiança inabalável” na equipa e na instituição: “Os números provam-no – mais voos, mais e melhores aviões, mais rotas, melhor eficácia, melhor reputação, melhor pontuação, maior regularidade e fiabilidade e melhores resultados financeiros.”
Os subscritores do manifesto ressalvam que, “estando a comissão de serviço deste conselho de administração a terminar, se vê com muita preocupação a falta de uma informação sobre a continuidade e, consequentemente, sobre o futuro”.
Numa altura em que já se está a trabalhar para o verão de 2023 e a “antecipar resultados do plano da Comissão Europeia, seria de esperar que a sua recondução fosse já um dado adquirido face aos resultados obtidos e que estão à vista de todos”, com “os melhores resultados de sempre a nível de receita e de passageiros transportados”, reivindicam.
“Infelizmente, tal não acontece com os rumores preocupantes de que o acionista, tendo a casa arrumada, se prepara para dispensar este conselho de administração, que já manifestou disponibilidade em continuar”, lamenta-se no documento.
Para os trabalhadores, “será um erro assumir que, após os resultados obtidos, o grandes desafios terminaram e que se está em velocidade de cruzeiro”, uma vez que “os desafios que se avizinham, impostos pela União Europeia e pela grave crise energética, sem fim à vista, e a recuperação do transporte aéreo em geral e dos concorrentes em particular, por outro lado, são superiores aos que agora se enfrenta”.
A Azores Airlines e a SATA Air Açores obtiveram um lucro de 7,2 milhões de euros no terceiro trimestre do ano, atribuindo o grupo SATA estes “resultados inéditos” aos “fortes desempenhos comercial e operacional” das duas companhias aéreas.
Num comunicado divulgado na quarta-feira, o grupo SATA avança que a Azores Airlines (que opera de e para fora do arquipélago) registou um resultado líquido de 3,3 milhões de euros de julho a setembro, enquanto a SATA Air Açores (que voa no arquipélago) registou um lucro de 3,9 milhões.
No terceiro trimestre, os resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) da Azores Airlines somaram 18,1 milhões de euros e as receitas 90,2 milhões.