Últimas Notícias:

Pilotos americanos não foram treinados sobre novo sistema do 737 MAX

 

Os pilotos que voam o Boeing 737 MAX nos EUA não foram treinados sobre o novo sistema automático que evita o stall do avião em determinadas condições.

Segundo informações preliminares, existiram dados errados e má interpretação por parte do novo sistema, sendo para já apontandas como duas das diversas causas do acidente com o 737 MAX 8 da Lion Air.

Jon Weaks, presidente da Associação de Pilotos da Southwest Airlines, a maior operadora de 737´s no mundo, disse que os pilotos “foram mantidos no escuro” em referência ao conhecimento sobre o novo sistema da Boeing, nomeado de MCAS – Maneuvering Characteristics Augmentation System, em português Sistema de Aumento das Caraterísticas de Manobra.

“Nós não gostamos do facto de que um novo sistema tenha sido colocado na aeronave e que não tenha existido qualquer aviso ou referência nos manuais.”

O presidente da Associação disse ainda que a Boeing e a FAA afirmaram só agora que o “sistema não deve estar a funcionar como deveria”.

Por último Weaks nas suas declarações deixou uma questão: “Tem algo a mais no MAX que a Boeing não informou? Se tiver, temos que ser informados.”

Reclamações também vieram de pilotos da American

No último sábado, o Comandante Mike Michaelis, chefe do comité de segurança da Associação de Pilotos da American Airlines, enviou uma mensagem aos pilotos dando informações sobre o novo sistema MCAS.

«Esta é a primeira descrição que vocês como pilotos de 737 já viram. Não está no Manual de Voo do 737 da American Airlines e nem no Manual de Operações da Boeing (FCOM), porém logo estará», escreveu Mike na mensagem.

A descrição do MCAS pela Boeing afirma que o sistema foi desenhado para ser activado apenas «durante “curvas fechadas” com alto factor de carga e com flaps recolhidos em velocidades próximas do stoll» e que o sistema é comandado pelo computador de voo utilizando dados dos sensores da aeronave.

O Comandante pediu que os pilotos da companhia familiarizassem por contra própria com o novo procedimento e o sistema. “Até agora não encontrámos anomalias com os sensores dos nossos 737 MAX 8. É uma notícia boa mas não podemos garantir que o sistema não irá falhar”.

Para evitar um possível stall, o sistema comanda o nariz da aeronave para baixo por forma a ganhar velocidade e sustentação.

O porta-voz da Associação de Pilotos da American, Dennis Tajer, disse na última semana que o MCAS é “uma informação nova para nós”. Ele disse que o treino dele do 737 NG para o MAX consistiu em um pouco mais de uma hora de aulas no iPad, e que a aérea não possui simuladores específicos do MAX.

Além disso, o único treino específico do MAX foi a prática de aterragens com vento lateral devido às novas pontas da asa do 737 MAX.

Mas o cockpit é praticamente o mesmo apesar dos novos monitores. A disposição dos instrumentos de voo e dos sistemas são as mesmas. “Nós assumimos que a maioria das diferenças fossem estéticas.”

Nos EUA o 737 MAX é operado por American, Southwest e United Airlines. O fato de que os pilotos americanos não foram informados pode significar que os pilotos da Lion Air também não foram.

O sistema MCAS a lá Airbus

Este sistema de protecção contra o stall foi introduzido em larga escala com a família Airbus A320. Devido ao sistema sobrepor-se às acções do piloto, o avião é “acusado” de retirar a liberdade aos pilotos.

No caso do Lion Air os investigadores determinaram que ocorreu uma falha no sensor do ângulo de ataque (AOA) que passou dados errados ao computador de voo, que interpretou uma situação de stall e comandou o nariz da aeronave para baixo através do comando dos compensadores.

Dados do FlightRadar24 e das caixas pretas indicam que os pilotos “lutaram” contra a aeronave e o seu sistema por 12 minutos antes do impacto no mar, fazendo uma espécie de montanha-russa com subidas e descidas acentuadas.

Um antigo executivo da Boeing disse ao Seattle Times, na condição de fonte anónima, que a fabricante americana não introduziu o sistema de protecção de maneira arbitrária.

O antigo executivo disse que a introdução do novo sistema foi feita inicialmente devido aos motores do MAX, que são maiores em relação à série anterior NG.

O maior tamanho dos motores alterou a aerodinâmica do avião, bem como, as condições em que o stall pode acontecer, sendo necessária uma protecção maior.

Na semana passada a Boeing e a FAA emitiram um alerta para os operadores do B737 MAX introduzirem nos seus manuais de voo novas informações.