O Grupo SATA apresentou em 2020 um prejuízo de 88 milhões de euros, e a administração teme ficar aquém dos resultados estimados para 2021 em caso de agravamento da pandemia.
O “Relatório Consolidado de 2020”, divulgado na página da internet da operadora aérea açoriana, refere que “num contexto de incerteza significativa associada à covid-19”, o Conselho de Administração considera existirem “cenários pessimistas que podem lançar dúvidas sobre a capacidade de o grupo conseguir alcançar os resultados estimados em 2021”.
Em causa está uma eventual “propagação descontrolada de novas variantes do coronavírus”, e a manutenção, ou mesmo, o reforço das medidas sanitárias impostas pelos governos, pondo em causa a recuperação gradual da procura, especialmente no segundo semestre de 2021”.
Uma vez que “as negociações com a Comissão Europeia do Plano de Reestruturação correm pelo melhor e que o mesmo é aprovado, havendo a injeção de capital no Grupo SATA, não vê o Conselho de Administração preocupação no normal funcionamento da sua operação e no reembolso das suas dívidas, quer a fornecedores quer à banca”.
De acordo com o relatório e contas de 2020, o valor de dívida líquida registou em 2020 um aumento de 21,7 milhões de euros face ao registado em 2019, sendo que o aumento dos empréstimos obtidos “resulta do auxílio de estado aprovado a 18 de agosto de 2020, pela Comissão Europeia, ao abrigo das regras do TFUE em matéria de auxílios estatais, no valor de 133 milhões para apoio à liquidez da SATA Air Açores”.
Segundo o documento, o valor de passivos “por obrigações contratuais na SATA Air Açores, correspondente na sua maioria aos contratos de locação financeira da frota, apresenta face ao ano anterior uma redução de 3,1 milhões de euros”.
O valor líquido da dívida financeira do Grupo SATA “fica completo com o crescimento de 32 milhões na rubrica de Caixa e Equivalentes, resultado do pagamento de dívidas que o Governo Regional dos Açores tinha para com a SATA, registados na sua maioria na SATA Air Açores, minorando, desta forma, o impacto negativo do aumento de dívida financeira registado a 31 de dezembro de 2020 no Grupo SATA”.
Em 2020, o grupo registou variações registadas no volume de receitas negativas em 49%, ou seja, 114 milhões de euros, sendo que “verifica-se uma deterioração dos valores de EBITDA, na ordem dos 13 milhões de euros comparativamente aos valores obtidos durante o exercício de 2019.
Assim, a margem EBITDA recuou 21 pontos percentuais de menos 10% em 2019 para menos 31% em 2020.
No Grupo SATA, em comparação com 2019, a receita total desceu 49,1%, ou seja, 114 milhões, o que “indicia uma maior resiliência das companhias aéreas”.