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CEO da TAP explica saída de Alexandra Reis e considera ter condições para se manter no cargo


 

A presidente executiva da TAP considerou hoje ter condições para se manter no cargo e revelou que a companhia aérea já foi contactada pela Inspeção-Geral de Finanças e pela CMVM sobre o processo de indemnização de Alexandra Reis.

“Tenho condições para ser CEO da TAP porque temos agido de boa-fé, completamente de boa-fé ao contratarmos aconselhamento jurídico [externo] e pedirmos a autorização [para a indemnização]”, declarou Christine Ourmières-Widener no parlamento.

A presidente executiva da TAP falava na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, numa audição requerida pelo Chega, para prestar esclarecimentos sobre a indemnização de 500.000 euros à antiga administradora Alexandra Reis, que foi também presidente da NAV e secretária de Estado do Tesouro.

A CEO da TAP explicou que a saída de Alexandra Reis da administração da companhia aérea de bandeira nacional se deveu a “divergências na implementação do plano de reestruturação”.

De acordo com a responsável, estas divergências foram mesmo o único motivo que levou à saída de Alexandra Reis da companhia aérea, com Christine Ourmières-Widener a defender que, num equipa executiva, “é crucial haver um alinhamento relativamente à implementação do plano”.

“Essa foi a única razão para a saída de Alexandra Reis da companhia aérea”, acrescentou a CEO da TAP, em resposta ao deputado André Ventura.

Christine Ourmières-Widener revelou também que todo o processo de saída de Alexandra Reis da TAP foi acompanhado pelo acionista Estado, que é atualmente o único acionista da TAP, e disse ter provas de cada passo dado.

“Nada fiz sem o conhecimento do acionista. Tenho registos escritos sobre o processo e a aprovação definitiva”, afirmou a responsável, acrescentando que a “saída de um membro do conselho de administração deve ser seguida pelos acionistas”.

De acordo com a CEO da TAP, o processo foi acompanhado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, que terá dado “a sua aprovação” à saída de Alexandra Reis nos termos que são conhecidos.

“Presumi que o acordo feito pelo secretário de Estado das Infraestruturas era do conhecimento das Finanças”, explicou a CEO da TAP, admitindo que julgou que o processo seria já do conhecimento do Ministério das Finanças, com o qual nunca falou sobre este processo.

Depois de ter sido questionada pelo deputado do PSD Hugo Carneiro, Christine Ourmières-Widener confirmou que a TAP já foi contactada pela Inspeção-Geral das Finanças (IGF) e pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sobre o processo de indemnização de Alexandra Reis.

“Iremos entregar toda a informação de forma transparente. Fomos contactados por todas as entidades. O processo está em curso e as nossas equipas estão a assegurar-se de que fornecemos informação transparente”, referiu.

A presidente executiva da TAP sublinhou que aquelas entidades têm “feito perguntas”, já tendo havido uma “segunda ronda de questões”, e a TAP está “a trabalhar” e irá “fazer tudo ao seu alcance” para dar “informação à medida” que é solicitada.

Christine Ourmières-Widener reiterou que a TAP irá esperar pelos resultados da investigação da IGF para retirar ilações, mas não descartou uma eventual devolução da indemnização de Alexandra Reis.

“Se algum dinheiro tiver de ser devolvido, vamos fazer o que for necessário, e fá-lo-emos de maneira diligente”, garantiu.

Nesta audição, Ourmières-Widener assegurou ainda que não foi informada da nomeação de Alexandra Reis para a NAV: “Só soube da sua nomeação para a NAV ao ler os jornais. Essa é a realidade”, frisou.

Christine Ourmières-Widener disse ainda que seguiu “sempre o conselho do consultor externo”, que foi o escritório de advogados SRS, e explicou que a informação que foi transmitida à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) estava acordada com Alexandra Reis e o consultor externo.

Interrogada pelo deputado do PS Carlos Pereira se o ‘chairman’ da TAP, Manuel Beja, estava a par e acompanhou o processo de indemnização de Alexandra Reis, Ourmières-Widener respondeu que foi informado da “primeira” e da “última” proposta de indemnização.

“Também teve contacto direto com o secretário de Estado da Infraestrutura. (…) Eu fui quem esteve em contacto direto com o advogado. Não tive discussão direta com Alexandra Reis, foi feito de advogado para advogado”, sublinhou.