A TAP pediu aos chefes de cabine que ocupem, de forma voluntária, funções menos graduadas, de comissários de bordo, para fazer face aos problemas gerados pela covid-19, que colocou muitos profissionais em isolamento, segundo um documento interno.
Na mensagem hoje enviada, a que a Lusa teve acesso, assinada pela diretora de tripulantes da cabine, por Mónica Chaby, a TAP apela para que os profissionais se possam voluntariar para funções que não ocupam normalmente.
“Em resposta à crescente falta de tripulantes resultante do súbito agravamento da situação pandémica, decidiu a administração da empresa, como derradeira medida para evitar o cancelamento de voos e os danos financeiros e de imagem deles decorrentes, apelar à contribuição de todos os tripulantes devidamente qualificados para colmatar as lacunas que se verificam na operação”, lê-se no documento.
“Nesse sentido, têm sido realizados pelo SOE [Serviço de Operações e Escalas] convites a tripulantes CCB [chefes de cabine] para operarem na função de CAB [comissários/assistentes de bordo] em voos para os quais não foi possível completar a tripulação pelos processos normais, sendo este tipo de convite utilizado apenas como último recurso depois de esgotadas todas as alternativas de solução no dia da operação, e de forma a evitar o cancelamento iminente do voo”, informou a companhia.
A TAP ressalvou que “esta solicitação não pretende constituir qualquer tipo de pressão, sendo simplesmente um pedido extraordinário de ajuda para ultrapassar a imprevisibilidade e complexidade que a atual situação representa para a gestão das tripulações, em consequência do elevado número de tripulantes em isolamento, e dos muitos voos em risco de cancelar”.
A companhia indicou depois que “diariamente tem havido um elevado número de baixas, tendo-se atingido um pico diário de cerca de 80 ocorrências, e, só entre os dias 31 de dezembro e 01 de janeiro foram efetuados 24 cancelamentos”.
Na mensagem, a diretora de tripulantes reconheceu que “este convite extravasa claramente os princípios estabelecidos em AE [acordo de empresa]”, deixando “inteiramente ao critério individual, e em total liberdade, o sentido da resposta ao mesmo”.
“Apelamos à vossa compreensão para a excecionalidade da atual conjuntura e esperamos poder ultrapassar rapidamente esta situação disruptiva e restabelecer a normalidade da operação”, rematou.
Em novembro, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) criticou a gestão de operações da TAP e avançou com uma queixa à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), segundo uma mensagem aos associados, devido a um ‘donwngrade’ de alguns profissionais.
Na comunicação, a que a Lusa teve acesso, a estrutura sindical criticava a forma como a transportadora tinha realizado o planeamento das semanas seguintes, que incluíam datas festivas, tendo a empresa decidido efetuar o ‘downgrade’ de 40 Chefes de Cabine de Médio Curso e de 20 Chefes de Cabine de Longo Curso.
“Este ato unilateral da empresa demonstra, uma vez mais, que ao contrário do que afirma a administração e publicita em vários órgãos de comunicação, a ‘gestão da operação’ não está ajustada à realidade atual e ao número de tripulantes necessário”, referiu, nessa altura.