Últimas Notícias:

SNPVAC diz que acordo na Ryanair foi “à custa dos direitos dos trabalhadores”


 

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) criticou hoje o acordo entre a Ryanair e o STTAMP – Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal, garantindo que foi conseguido “à custa dos direitos dos trabalhadores”.

Numa nota enviada aos associados, a que a Lusa teve acesso, o SNPVAC recordou que, recentemente, o STTAMP “disse ter chegado a um acordo com a Ryanair após seis meses de negociações acerca de problemas ‘laborais’”.

“Gostaríamos de mencionar que o Acordo de Empresa assinado recentemente entre o STTAMP e a Ryanair, que contém cláusulas ilegais, não só não resolveu quaisquer problemas da tripulação, como perpetuou uma política de abuso e intimidação da empresa em relação aos trabalhadores”, referiu a direção do sindicato, na mesma mensagem.

De acordo com o SNPVAC, “assim, a Ryanair conseguiu aprovar um ‘acordo’ em que os trabalhadores não recebem subsídio de ‘férias e de Natal’, pois mais não fizeram do que dividir por 14 meses o valor da remuneração que já era auferida durante 12 meses”.

Além disso, criticou, “este ‘acordo’ retira dias de férias legalmente estabelecidos pela lei portuguesa, dando em troca (como se os direitos pudessem ser negociados) horários fixos”, acrescentando que “o mais ridículo” é que “não foi negociado pelo referido sindicato, mas pelos trabalhadores da Ryanair, o que obviamente subverte totalmente o conceito de negociação coletiva, que só um sindicato pode assegurar”.

“A ‘promoção da paz social’ reivindicada pelo STTAMP foi feita à custa dos direitos inalienáveis dos trabalhadores e pelo desejo de filiar mais tripulantes”, salientou o SNPVAC.

“Ao contrário do que o STTAMP argumentou (‘acordo sem demagogia ou opções políticas’), este acordo só beneficiou uma das partes, deixando os trabalhadores sem escolha, uma vez que os trabalhadores não filiados no STTAMP são discriminados quando se trata de construir horários e na progressão de carreira”, assegurou.

“Repudiamos totalmente os acordos que prejudicam os trabalhadores e, em última análise, a concorrência leal entre empresas”, rematou.

O STTAMP e a Ryanair chegaram a acordo para acelerar a recuperação “de valores remuneratórios perdidos por força da crise pandémica”, indicou a estrutura, em comunicado, no dia 02 de junho.

Assim, o STTAMP, “organização sindical que representa cerca de 80% de todos os trabalhadores da Ryanair em Portugal”, informou que “chegou a acordo com a companhia aérea irlandesa” por forma a permitir “acelerar a recuperação dos valores remuneratórios perdidos por força da crise pandémica”.

Segundo o sindicato, este “acordo agora assinado permite ainda aos trabalhadores registar um acréscimo salarial significativo nos próximos dois anos”, sendo que “durante este intervalo de tempo serão ainda discutidas outras matérias relevantes para as condições de trabalho dos trabalhadores, criando um instrumento de regulação mais benéfico e adaptado às circunstâncias específicas do setor”, destacou.

“As medidas alcançadas pela negociação só foram possíveis pela união demonstrada pelos trabalhadores promovendo a paz social na empresa durante os próximos anos, apesar de, neste momento, a Ryanair ainda registar resultados negativos quer em número de passageiros transportados, quer em resultados financeiros por comparação ao período pré-pandemia”, referiu o STTAMP.

De acordo com o sindicato, este foi “um processo negocial exigente e complexo que durou cerca de seis meses, mas onde o entendimento e a boa-fé negocial entre as partes foram determinantes nos objetivos agora alcançados, tendo os trabalhadores participado em todo o processo e sufragado quase unanimemente (97% de votos a favor)”, lê-se, na mesma nota.