A tripulação do helicóptero do INEM que tombou numa pedreira em Mondim de Basto estava ciente da possibilidade de ser levantado pó e, por isso, serem perdidas as referências visuais necessárias à aterragem.
A conclusão consta de um relatório divulgado esta sexta-feira pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), que dá conta de que a tripulação preparou um “plano para abortar” a aterragem caso tal acontecesse.
Vale relembrar e de acordo com o texto do relatório do GPIAAF: “No dia 2 de setembro de 2024, um helicóptero Leonardo AW139 com registo EC-JOU ao serviço do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) baseado no heliporto de Macedo de Cavaleiros (LPMC), foi ativado para uma missão primária de serviço de emergência médica helitransportado (HEMS).
A aeronave com dois pilotos, um médico e um enfermeiro a bordo, descolou por volta das 11h11 com destino a uma pedreira em Atei, no concelho de Mondim de Basto (a cerca de 80 km) para prestar assistência a um indivíduo que tinha sofrido um acidente de trabalho na referida pedreira.
As equipas de socorro dos bombeiros locais e GNR localizados na pedreira, prepararam a vítima para o transporte, tendo identificado um local de aterragem num largo próximo, a cerca de 1,3 km de distância, a sul da pedreira, para onde a vítima seria transportada de ambulância para posteriormente seguir de helicóptero.
Alguns elementos dos bombeiros locais e da GNR encontravam-se no largo, a preparar a chegada do helicóptero.
Durante o voo, os pilotos receberam atualização das coordenadas do referido local, inseriram os dados no sistema de navegação e voaram direto para o local. Após dificuldades iniciais na localização das equipas de apoio à vítima, o helicóptero realizou várias voltas até os ocupantes terem identificado um veículo de emergência na pedreira, identificando de seguida um
possível local para a aterragem (detalhe 1 da figura)
Após executarem procedimentos de aproximação e reconhecendo a possibilidade de ser levantado pó na zona de aterragem, a tripulação definiu um plano para abortarem a aterragem em caso de falta das necessárias referências visuais.
Durante a aproximação final, atendendo ao pó levantado por efeito do rotor (downwash), foi perdido o contacto visual com o terreno (brownout1) e decidida a descontinuidade da aterragem, tendo o piloto aos comandos iniciado o procedimento de aterragem falhada.
Em sequência, a aeronave colidiu com várias árvores de médio e grande porte, danificando o rotor principal e inviabilizando a descolagem.
A aeronave imobilizou-se na base dos pinheiros sobre o seu lado direito mantendo a integridade da cabine com a zona direita do cockpit a ser perfurada por um pinheiro de grande porte.
Os quatro ocupantes saíram pelos próprios meios com pequenas escoriações e foram transportados a uma unidade hospitalar para avaliação médica.
CONSTATAÇÕES RELEVANTES
A aeronave estava autorizada a voar de acordo com os regulamentos em vigor.
As evidências sugerem que os motores da aeronave estavam a produzir potência no momento da colisão com as árvores.
A meteorologia para a área estava propícia à realização do voo descrito, apresentando céu com algumas nuvens a 5000 pés, vento de sudoeste (220º) com 10 nós e uma temperatura em torno dos 25 ºC.”