A Loftleidir Cabo Verde emitiu, esta tarde, um comunicado onde contesta a decisão do Governo de Cabo Verde de nacionalizar as suas ações na Cabo Verde Airlines (CVA), na sequência da publicação no Boletim Oficial n.º 66 de 06 de julho de 2021 que aprovou o decreto-lei n.º 50/2021. O grupo de investidores está, atualmente, a analisar a questão e a preparar a respetiva reação.
A Loftleidir Cabo Verde reitera que cumpriu todas as suas obrigações desde o momento da aquisição das ações em 2019 e, com a nova administração, obteve um crescimento significativo da companhia aérea de mais de 130%, com a criação de um hub internacional no Sal, ligando a Europa e América do Sul e posteriormente África Ocidental e América do Norte.
Desde a aquisição da maioria das ações, o desempenho financeiro da companhia aérea melhorou consideravelmente, alcançando receitas de CVE 6.755.905.000 (61.250.000 euros) em 2019.
Em março de 2021, após um longo período de constrangimentos causados pela pandemia e a consequente proibição de voos imposta pelo governo de Cabo Verde em março de 2020, os dois principais acionistas da Cabo Verde Airlines, a Loftleider Cabo Verde e o Estado cabo-verdiano, chegaram a um Acordo de Resolução para a reorganização financeira da companhia, com vista ao relançamento das suas operações. O acordo de resolução entre o Estado e a companhia aérea incluiu a nomeação de um representante do Estado na companhia aérea na função de Vice Presidente responsável pela Tesouraria, com o objetivo de acompanhar a aplicação de fundos e o pagamento de dívidas. Como parte deste acordo, a Loftleidir Cabo Verde conseguiu um desconto significativo no saldo em dívida da companhia aérea, perante a concessão de uma garantia de empréstimo pelo Estado cabo-verdiano.
O Acordo de Resolução não foi cumprido por parte do Estado cabo-verdiano, tendo o seu representante na companhia bloqueado e impedido a execução de vários pagamentos previstos, nomeadamente as contribuições obrigatórias de impostos e de segurança social, bem como pagamentos a outras entidades estatais e prestadores de serviços, apesar dos apelos da administração e da Comissão Executivo da companhia aérea. Esta situação deu origem a uma ação judicial por parte da ASA (operador estatal do Aeroporto de Sal) e à apreensão de uma das aeronaves da companhia aérea. A aeronave não é propriedade da companhia aérea e, esta ação, que, por conseguinte, não tem base legal, foi contestada em tribunal. Esta ação ilegal do Estado cabo-verdiano prejudicou a companhia aérea e resultou numa maior deterioração da sua situação financeira.
A Loftleidir Cabo Verde e a equipa de gestão da Cabo Verde Airlines agiram sempre em total conformidade com o Acordo de Resolução, bem com todos os demais acordos e documentação contratual e foi com absoluta surpresa que tomaram conhecimento da decisão do Governo, que obviamente repudiam.
A Loftleidir Cabo Verde encontra-se a analisar quais os seus direitos e que meios legais tem à sua disposição para inverter esta nacionalização e ser ressarcida pelos prejuízos causados por esta ação do Estado cabo-verdiano.