
O jornal Diário do Açores publicou uma notícia a dar conta que a Azores Airlines vai acabar com rotas deficitárias e vai concentrar operação no ‘hub’ Açores.
Inicialmente ficamos a pensar que a companhia irá terminar as rotas para o Pico, Faial e Santa Maria. Esta rotas há muito que são classificadas como deficitárias. Há pouco tempo o secretário de Estado salientou a “importância de definir os critérios das novas OSP” para que as “companhias aéreas possam vir a concurso”, defendendo que “não faz sentido” uma transportadora efetuar rotas de forma de deficitária.
Mas o jornal avança e aponta para fontes conhecedoras do assunto, que a Azores Airlines vai eliminar rotas que eram maioritariamente realizadas em voos ACMI (aluguer de aviões com tripulação) e que tais rotas são as que mais têm contribuído para o agravamento dos maus resultados da empresa.
A decisão surge no âmbito do plano de exploração para o Verão IATA 2025 que se encontra praticamente fechado e onde a principal aposta passa por “consolidar e valorizar o hub dos Açores”, segundo as mesmas fontes.
Assim, a companhia vai concentrar os seus recursos na operação direta com destino final aos Açores e nos voos que permitem estabelecer ligação entre a América do Norte e a Europa, via Açores.
O Diário dos Açores refere que, as rotas que a companhia vai retirar da sua operação são Londres, as ligações diretas do Porto e Madeira para EUA e Canadá, Ponta Delgada-Bermuda e Terceira-Oakland.
A notícia é dada como uma medida arrojada da atual administração da SATA, na sequência do plano a implementar por Rui Coutinho e a sua equipa, no sentido de dar mais equilíbrio à companhia e proceder à sua reestruturação.
Vale lembrar que de arrojada não tem nada, uma vez que a operação direta do Porto e Madeira para EUA e Canadá foi uma operação sazonal que não começou da melhor forma, com a avaria da aeronave da euroAtlatinc e que atrasou o início da mesma.
Em relação à rota de Londres, esta sempre teve um grande problema, as frequências. A companhia em anos anteriores operava apenas uma vez por semana o que era incompatível para fazer ligações com outras rotas da companhia ou mesmo para quem procurava passar apenas alguns dias, tanto nos Açores como em londres.
Ao longo dos anos e os vários planos de verão que têm sido apresentados mostram sempre que o resultado não é o desejável. Sempre que a companhia tenta reduzir a sua operação os resultados são negativos.
Sempre que este assunto é levantado vem sempre à memória o ano de 2015 em que a companhia não operou nenhuma rota sazonal, reduziu frota e não contratou tripulantes sazonais. Chegou-se a meio de verão e a TAP chegou a ser contratada para operar alguns voos da companhia.
Com o anúncio da abertura da rota Terceira – São Francisco, por parte da TAP era previsível que a companhia iria terminar com a sua operação.
Assim sendo, a Azores Airlines passa a oferecer o voo em code-share com a TAP.
Desde o phase-out dos A310 e A330, e durante a Covid em que a rota foi operada com A321LR, a rota foi sempre operada em regime ACMI. Houve alturas em que esta rota poderia ter tido alguns proveitos que não teve. O percurso Lisboa – Terceira do voo para Oakland e o percurso no sentido inverso Terceira – Oakland muitas vezes foi operado com o avião vazio. A companhia comercializava o voo como fosse em A320 e impedida de fazer promoções resultando muitas vezes num A340-300 vazio.
A notícia refere ainda que com esta decisão a Azores Airlines vai prescindir de duas das três aeronaves que operam em regime de ACMI, revertendo, assim, decisões que Rui Coutinho já tinha considerado como menos compensadoras para a companhia.
Assim sendo, deve sair o A330-200 da Plus Ultra, o b767 da EuroAtlantic, regressando apenas para operação de verão o A320 da White.
Com efeito, ainda há poucos dias o presidente da SATA considerou que houve “muita má gestão” na companhia aérea durante “muitos anos” e não quer mais aviões como a aeronave “Cachalote”.
Para Rui Coutinho, “foram cometidos demasiados erros por diversos responsáveis, cujos efeitos influenciam a prestação atual” e “continuarão a condicionar todas as decisões e toda a gestão diária e estratégica do grupo”.
O Presidente da SATA diz querer “salvar a SATA”, admitindo que “o caminho será difícil, por vezes tortuoso”, pois “todas as empresas do grupo estão tecnicamente falidas há muitos anos” – e o grupo, acrescentou, “apresenta uma situação económica e de tesouraria extremamente delicada, com dificuldades imediatas e a prazo”.
Rui Coutinho afirmou que a companhia pública açoriana “tem uma estrutura muito pesada”, de acordo com o seu organigrama, com “diretores para muita coisa”, e propôs-se a “ver quais as rotas que são deficitárias e eliminar, para redução de custos”, o que acontece agora com o novo plano a implementar em 2025.

