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Sindicato diz que escolha da Boston Consulting Group é “deplorável” em termos éticos (leia o comunicado na íntegra)

 

O SITAVA – Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos considerou hoje “deplorável” e “insultuoso” do ponto de vista ético que a TAP tenha escolhido a Boston Consulting Group (BCG) para assessorar o plano de reestruturação da companhia aérea.

Em causa está o anúncio, na semana passada, da BCG como a consultora escolhida para apoiar na elaboração do plano de reestruturação a apresentar à Comissão Europeia, no âmbito do auxílio financeiro do Estado à TAP, no montante máximo de 1.200 milhões de euros.

“O anúncio por parte do Conselho de Administração de que a “escolha” da consultora para assessorar o plano de recuperação da TAP tinha recaído sobre BCG (Boston Consulting Group), trouxe-nos imediatamente à memória tempos passados, mas não muito, quando esta mesma consultora foi também contratada para elaborar um outro estudo que acabou por ficar famoso. Falamos obviamente do célebre projeto RISE que primeiro não era para aplicar, mas depois foi sendo paulatinamente aplicado e a TAP foi sendo descaracterizada.

Mas há mais. Esta mesma consultora, tinha também à época uma outra grande “particularidade”. A esse propósito, remetemos para o comunicado nº 10 que o SITAVA publicou em 2016, e que reproduzimos abaixo deste, e que está em www.sitava.pt.

Mas a nebulosa não acaba por aqui. Por várias vezes, temos aqui denunciado os experimentalismos aventureiristas do responsável pela direção de “Revenue & Network” que, de entre outras coisas, desmantelou as equipas todas e colocou os trabalhadores a desempenhar tarefas de responsabilidade sem qualquer formação ou experiência, cujos resultados hão-de ver-se mais tarde. Nessa altura, alguém terá que prestar as devidas contas.

Mas além disso, este Senhor empolgado com a chefia da “quintarola” desatou a contratar trabalhadores por sua conta e risco à revelia da DRH. Sim, um grupo de 18 trabalhadores foi contratado pelo Senhor Arik De através das redes sociais. Agora, como a cobertura do Sr. Antonoaldo acabou, (?) 15 destes a quem foram dadas falsas esperanças, lamentavelmente, não viram os seus contratos renovados. Os outros três já passaram a efetivos.

Mas se pensam qua esta novela acaba aqui desenganem-se porque ainda há mais. Quatro destes trabalhadores foram agora contratados pela BCG e já apresentados aos ex-colegas
para fazerem a reestruturação na “quintarola do Sr. Arik”. Mas como é tudo isto possível?

Conselho de Administração, e acionistas públicos e privados, têm conhecimento disto? E ninguém se importa? Acham que tudo isto é normal?

Que credibilidade vai ter o trabalho desta espécie de consultora? Isto até pode ser tudo legal, mas do ponto de vista ético é, no mínimo, deplorável e até insultuoso. A TAP tem obrigação
de impor credibilidade e transparência em tudo o que faz ou manda fazer. Se isto for para a frente alguém vai ter que explicar aos trabalhadores todo este embuste.

O que a TAP precisa é de uma nova direção que reorganize e coloque os aviões a voar. É completamente incompreensível que as companhias estrageiras tenham uma presença mais forte nos aeroportos nacionais que a própria TAP. A continuar assim teremos que pôr nomes às coisas, e alguém vai ficar muito mal na fotografia.”

 

Comunicado 10/2016

“AFINAL, A QUEM SERVE O ESTUDO DA BCG ?

Não fora o alerta do SITAVA, com o seu comunicado no 9, e o tal estudo da BCG (Boston Consulting Group) de que tanto agora se fala, permaneceria na penumbra e iria, sorrateiramente, sendo implementado sem a oposição e resistência dos trabalhadores.

Como nota prévia para melhor compreensão do que está em jogo deve ter-se presente uma das, certamente muitas, qualidades desta consultora. Para tal, socorremo-nos do caso, reportado pelo Jornal de Negócios a 7/8/2008, em que a BCG foi contratada e produziu dois estudos sobre o Aeroporto Sá Carneiro, com conclusões diametralmente opostas, com a particularidade de ambos se ajustarem na perfeição aos desejos de quem os encomendou, (a ANA Aeroportos, por um lado, e um grupo de empresas do norte liderado pela SONAE, por outro).

Mas parece que os trabalhadores podem estar descansados. A TAP anda a encomendar e a pagar milhões por estudos, para depois vir dizer aos trabalhadores que não façam caso, que aquilo afinal não é para valer, que foi só para reinar com a malta.

Daí que, se o tal estudo, nem é para aplicar, também nós não iremos perder muito tempo com ele. Mas se fosse para aplicar, o que ressalta desde logo e muito claramente, é a intenção de proceder a uma profunda e total reconfiguração da TAP – que deixaria de ser o que é e sempre foi, uma FSC (companhia aérea de serviço completo) para se tornar numa LCC, (companhia aérea de baixo custo) – que serviria, certamente, muito bem os interesses dos acionistas minoritários que encomendaram o estudo, mandando às urtigas o futuro da TAP, a economia nacional, os postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores.

Nunca é demais lembrar que o SITAVA sempre se bateu contra a privatização da TAP e que os vendilhões, à época, apregoavam que, ou era privatizada ou teria que ser convertida numa TAPzinha.

Não foram necessários mais que alguns meses para confirmar que mentiam descaradamente. Uma TAPzinha resultaria sim, mas da aplicação deste estudo com tudo o que isso comportava, desde a diminuição de salários e direitos dos trabalhadores até uma redução drástica dos postos de trabalho, desde logo pela externalização das operações de manutenção em Lisboa. Sim, só a de Lisboa, porque a do Brasil parece que é muito mais eficiente!!!

Com o conhecimento destes factos, torna-se cada vez mais estranho e incompreensível que o Governo, que assumiu compromissos com o país em relação à privatização da TAP, se coloque numa posição de assobiar para o lado, alienando a responsabilidade de acionista maioritário, podendo comprometer irremediavelmente, o futuro da empresa e o interesse nacional. Os trabalhadores da TAP e o povo português, estamos seguros, exigem que o Governo assuma sem mais demoras as suas responsabilidades de acionista maioritário e trave, enquanto é tempo, mais este plano de destruição da TAP.”