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TICV diz que voos domésticos esperam por reabertura de Cabo Verde para recuperar

 

A companhia aérea cabo-verdiana TICV admitiu hoje a necessidade de Cabo Verde reabrir rapidamente as ligações internacionais, que por sua vez representam cerca de 40% dos passageiros dos voos domésticos, que permanecem muito abaixo do tráfego de 2019.

Em comunicado, a Transportes Interilhas de Cabo Verde (TICV), a única a operar no mercado doméstico do arquipélago, refere que estima movimentar este mês 7.200 passageiros, valor que fica 72,5% abaixo do registado em setembro de 2019.

“Em 2019, cerca de 40% dos passageiros que se apresentaram ao ‘check-in’ nos voos domésticos que operamos utilizaram o passaporte como documento de identificação. É óbvio que nem todos serão passageiros oriundos do exterior, mas já dá uma ideia da importância da abertura a voos internacionais para todos, não apenas para a TICV”, afirma Luis Quinta, diretor-geral da companhia, citado no mesmo comunicado.

O turismo representa cerca de 25% do Produto Interno Bruto de Cabo Verde, mas a atividade está parada desde março, devido à pandemia de covid-19. A retoma dos voos comerciais regulares já esteve prevista para julho e depois para agosto, o que não aconteceu.

“Voos internacionais estão a ser realizados, em condições específicas, de e para Portugal. O regresso de voos internacionais em regime de normalidade ou mesmo condicionado não depende da vontade e iniciativa de Cabo Verde, mas de países terceiros. Por isso não lhe posso indicar datas”, disse este mês, numa entrevista à Lusa, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.

Também as agências de viagens e turismo de Cabo Verde defenderam, este mês, a “reabertura imediata” das fronteiras para ultrapassar os momentos difíceis das empresas por falta de voos comerciais internacionais.

“As agência de viagens continuam na mesma, porque temos agora essa indefinição na data da abertura e essa incerteza no amanhã que nós não sabemos o que é que vai acontecer, principalmente para a agências de ‘in coming’ – as que recebem visitantes em Cabo Verde – é muito difícil porque não se pode planificar nada”, afirmou à Lusa, em 16 de setembro, Luísa Giorgensen, do conselho diretivo da Associação das Agências de Viagens e Turismo de Cabo Verde (AAVTCV).

No comunicado divulgado hoje, a companhia TICV recorda que depois de mais de três meses e meio de ligações internas suspensas, por decisão das autoridades cabo-verdianas, para conter a progressão da pandemia de covid-19, retomou em 15 de julho os voos domésticos, assumindo que se regista “um crescimento progressivo no número de passageiros transportados”.

Contudo, acrescenta, “permanece significativamente abaixo dos níveis anteriores à pandemia de covid-19”, devido à suspensão das ligações aéreas internacionais regulares, as quais acabam por ter “um peso significativo na operação da companhia”, que assegura depois as conexões internas.

A TICV assinalou há precisamente um ano o milhão de passageiros transportados em Cabo Verde, mas movimentou apenas 6.800 passageiros em agosto, face aos 43.900 no mesmo mês de 2019, e 7.200 passageiros este mês, face aos 26.200 em setembro do ano passado. Daí que a companhia assuma que “sem a retoma das ligações internacionais regulares”, ainda não será em outubro que os voos domésticos poderão crescer significativamente.

“A continuar assim, temos sérias dúvidas que em outubro se ultrapasse a barreira dos 10.000 passageiros. Na nossa ótica é de absoluta e vital importância a abertura oficial ao exterior, com a consequente chegada e movimento de mais passageiros”, assumiu ainda Luis Quinta.

Desde 01 de agosto que está em vigor um corredor aéreo para voos essenciais entre Lisboa (Portugal) e as ilhas de Santiago e de São Vicente, operados regularmente por duas companhias portuguesas (TAP e SATA) e que obrigam os passageiros, nos dois sentidos, a apresentar testes negativos para covid-19 realizados com pelo menos 72 horas de antecedência.

Segundo Luís Quinta, a TICV já está a assegurar ligações internas, para outras ilhas, para os passageiros que chegam a São Vicente e à Praia via TAP, e os provenientes de Boston (Estados Unidos), via Ponta Delgada, com a SATA.

“Esperamos que estas companhias reforcem a sua oferta para Cabo Verde e esperamos também que outras companhias as sigam o mais breve possível”, sublinhou.

Antes da suspensão dos voos, as ligações aéreas de passageiros para sete ilhas do arquipélago eram garantidas pela TICV com nove diferentes rotas operadas por três ATR-72 500, com capacidade para 72 passageiros, operação que tem sido progressivamente recuperada desde 15 de julho.