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Sindicato fala em “situações dramáticas” dos trabalhadores da easyJet em Faro e companhia quer melhorar condições mas pede “bom senso”


 

O diretor-geral da easyJet em Portugal, José Lopes, assumiu hoje que a empresa está empenhada em “melhorar as condições” dos seus trabalhadores em Portugal, mas pede “bom senso” para garantir a sustentabilidade da operação.

“Estamos empenhados em melhorar as condições de todos os nossos colaboradores em Portugal, mas temos de continuar a usar o bom senso para que este projeto possa continuar e compreendemos que existe quem não queira que isto aconteça, quem exige que não continue e que não cresça”, disse José Lopes na Comissão Trabalho, Segurança Social e Inclusão.

De acordo com o ‘country manager’ da easyJet para Portugal, a empresa afasta o que disse terem sido as propostas apresentadas pelos sindicatos, com aumentos iguais ou superiores a 60%.

Na mesma comissão, numa audição realizada mais cedo, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) assinalou que os trabalhadores da Easyjet em Portugal recebem cerca de menos 60%, em média, que os restantes trabalhadores da empresa na Europa.

Ana Dias, diretora do sindicato, registou que o SNPVAC não pretende aumentos que igualem esses valores, mas pede “um aumento que, pelo menos, acompanhe o crescimento da Easyjet aqui em Portugal”.

O SNPVAC indicou que há trabalhadores da easyJet em Faro que enfrentam “situações dramáticas”, pedindo o fim deste tipo de condições.

“Os nossos trabalhadores em Faro passam grandes dificuldades. Nós temos trabalhadores que tiveram que viver dentro de carros durante alguns meses, auferiam à volta de 350, 400, 500 euros a operarem durante um mês. Quase todos os nossos trabalhadores de Faro têm que ter um segundo ou um terceiro trabalho”, disse Ana Dias, diretora do SNPVAC, na Comissão parlamentar de Trabalho, Segurança Social e Inclusão.

De acordo com a diretora sindical, estes trabalhadores estão a trabalhar como condutores de TVDE durante a noite e trabalham para a companhia aérea durante o dia, “cansados”.

Estas condições podem, segundo Ana Dias, “comprometer, também, a segurança do voo, como é lógico”.

“São situações muito dramáticas que se vivem em Faro e é mais do que uma questão legal, é uma questão social e temos que eliminar por completo esse tipo de contratos”, defendeu.

“Os nossos salários não estão ajustados nem ao custo de vida em Portugal, nem àquilo que se pratica no mercado da aviação aqui em Portugal, e muito menos quando comparados com os nossos colegas lá fora”, afirmou Ana Dias, apontando que um colega francês ou alemão “aufere mais 90%” do que um trabalhador português na easyJet em Portugal.

Perante estas declarações, José Lopes disse que a empresa já apresentou “quatro propostas diferentes”, contra duas do sindicato, e que uma delas consagra oscilações em várias modalidades entre os 18% e os 40%.

“Continuam nestes valores que são completamente irrealistas e que põem em causa o futuro da nossa empresa em Portugal”, detalhou o ‘country manager’ da Easyjet, que remeteu para as declarações do sindicato na audição anterior.

“Ainda há pouco, na audição anterior, ouvi dizer que o SNPVAC não quer aumentos de 60%, quer aumentos relacionados com o aumento do custo de vida, então assinamos já o contrato”, garantiu José Lopes.

De acordo com o gestor, do lado da Easyjet “essa abertura existe”, e remeteu para o Acordo de Empresa, que tem “uma proposta de mais 8% no primeiro ano e na ordem dos 20% a três anos, bem acima daquilo que é a inflação”.

“Nós queremos continuar a melhorar as condições das pessoas que trabalham connosco, se não o fizéssemos não conseguíamos crescer mais do dobro desde a pandemia para cá”, garantiu o responsável da empresa.

Uma destas propostas contempla, segundo o responsável, aumentos entre os 18% e os 30% no caso dos contratos a tempo completo e entre os 29% e os 40% nos casos dos contratos a tempo parcial, a três anos.