O avião supersônico anglo-francês Concorde fez seus primeiros voos comerciais há exatos 45 anos na data de hoje, sete anos após seu primeiro voo de ensaio de certificação.
O Concorde, projeto anglo-francês lançado em 29 de novembro de 1962 entre a British Aircraft, em parceria com a Rolls Royce, e a Aerospatiale mais a SNEC-MA, foi na sua origem concebido com o objetivo de atingir a velocidade de Mach 2,2 (cerca de 2 400 km/h) e de transportar entre 100 e 132 passageiros todos em primeira classe e entre dois continentes, voando a quase 20 000 metros de altitude. Foi para isso dotado com quatro turborreatores Olympus, da Rolls Royce, de 16 930 daN (cerca de 23 000 cv) de potência.
O Concorde é um aparelho com asas em forma de delta, em flecha evolutiva, de estrutura fixa. Com um comprimento de 62,10 m e uma envergadura de 25,6 m é capaz de acolher 100 a 110 passageiros ao longo de 6 500 km sem escalas, em condições de conforto superiores às dos aparelhos subsónicos. O “bico” baixa cerca de 17 graus, aquando da aproximação ao solo, de modo a aumentar a visibilidade na direção da pista e o avião está equipado com sistemas de aterragem automáticos e de navegação por inércia para se conhecer a qualquer momento a sua posição com uma grande precisão.
Voava mais rápido do que a rotação da Terra. A Terra gira a 1675 km/h e o Concorde conseguia uma velocidade máxima de 2179 km/hora. A sua velocidade de cruzeiro é de Mach 2,04 a uma altitude entre os 15 000 e os 18 000 metros de altitude, o que lhe permite cobrir a distância entre Paris e Nova Iorque (6 000 km) em apenas 3h 40 m.
Era 21 de janeiro de 1976 quando dois voos descolaram exatamente no mesmo horário, às 11h40. Eles levavam os primeiros passageiros comerciais a viajarem mais rápido que a velocidade do som. Um Concorde da British Airways descolou de Londres para o Bahrein, enquanto um da Air France deixou Paris a caminho do Rio de Janeiro, com escala em Dakar, no Senegal. Embora a intenção das duas únicas empresas aéreas a terem o Concorde fosse de voar nas disputadas rotas entre a Europa e os Estados Unidos, no início o avião foi proibido de voar sobre o território dos EUA.
Uma das rotas mais famosas do Concorde era entre Londres e Nova York (EUA), com duração média de três horas e meia. Com as cinco horas de diferença do fuso horário, os passageiros chegavam a Nova York mais cedo do que haviam deixado Londres. Nos jatos atuais, o mesmo percurso demora cerca de oito horas na ida e seis horas e meia na volta.
O Concorde voou durante 24 anos. Durante toda a sua vida, o Concorde sofreu um único acidente. Em 25 julho de 2000, após descolar de Paris-Roissy, de matrícula F-BTSC, o jato supersônico explodiu no ar a poucos metros do aeroporto.
O acidente foi causado por uma peça que caiu de um DC-10 que acabara de descolar. O fim dos voos comerciais ocorreu três anos mais tarde.
No final de 2002 a British Airways e a Air France anunciaram que encerrariam os voos com o Concorde no ano seguinte. O último voo com o Concorde ocorreu em 2003.
Considerado objecto de luxo e sofisticação, o Concorde foi o transporte mais utilizado por personalidades quer do mundo artístico quer da política ou da alta-sociedade. Para satisfazer a afeição dos seus admiradores, foram efectuados leilões para venda de partes da sua constituição.
O Concorde é um caso de sucesso tecnológico. Todavia, não deixou de constituir um forte estímulo e contributo para o desenvolvimento da indústria aeronáutica europeia, que voltou a ganhar particular destaque desta feita com um avião de outro tipo de segmento: o Airbus.