O Gabinete de Relações Institucionais da NAV Portugal emitiu um nota informativa sobre o incidente grave em que a Torre de Controlo do Aeroporto do Porto autorizou a descolagem de um avião quando na pista ainda se encontrava uma viatura a realizar uma inspeção.
“A propósito da ocorrência descrita no processo 2021/SINCID/01 do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAF), a NAV Portugal vem a público esclarecer que desencadeou todo os mecanismos e procedimentos previstos para este tipo de situação assim que o mesmo se verificou, com um processo de averiguações interno já a decorrer. Nestes termos, aguardar-se-ão agora as futuras conclusões do GPIAF e da averiguação interna para decidir sobre a necessidade de mais medidas e/ou procedimentos a tomar na sequência da ocorrência.
A NAV Portugal tem orgulho no histórico de promoção da segurança na aviação civil que conquistou nas duas décadas desde que foi criada, assegurando sempre o cumprimento dos máximos padrões de segurança em toda a sua operação, e tudo fará para que assim continue.”
Segundo uma Nota Informativa (NI) do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) agora divulgada, às 20:35 de 27 de abril deste ano, “um operador e respetiva viatura ‘follow-me’ solicitou autorização ao controlador [aéreo] de serviço [CTA] na torre do Aeroporto do Porto para entrar na pista, por forma a efetuar a inspeção noturna prevista, a 4.ª inspeção do dia”, a qual teve início “após respetiva autorização por parte do CTA”.
Pelas 20:46 – 11 minutos depois – estando duas aeronaves em preparativos para descolagem, o CTA “deu autorização para que um Boeing 737-400 [FDX4959]” se dirigisse para a pista 35, refere o GPIAAF, acrescentando que, “cerca de um minuto depois”, a tripulação da aeronave, que fazia um voo de carga para a FedEx e era operado pela ASL Airlines Belgium, “informou o CTA [de] que estava pronta para descolagem”.
“Em sequência, o CTA deu autorização ao FDX4959 para a descolagem da interceção da pista 35 com o caminho de circulação D. Nesse momento, o ‘follow-me’ ainda se encontrava na pista, mais precisamente na soleira da Pista 17, já em direção a sul”, refere a NI.
O GPIAAF relata que o operador do ‘follow-me’ “reparou numas luzes fortes na linha central de pista, na zona dos caminhos de circulação C e D, luzes que pareciam estar em movimento, e por esse motivo contactou a torre via rádio, questionando se havia alguma aeronave a alinhar na pista” para descolar.
“O CTA confirmou uma aeronave em corrida de descolagem e solicitou ao ‘follow-me’ uma saída imediata para a berma esquerda da pista. Pela perceção do operador do ‘follow-me’ e provisoriamente verificados nos dados do radar de solo, a distância entre a aeronave e o veículo foi estimada em torno dos 300 metros”, concluiu, para já, a investigação.
Segundo relato da tripulação do voo FDX4959, após ter sido autorizada a descolar, reparou “em luzes brancas na pista que, atendendo ao ambiente noturno, se confundiam com as luzes de berma da pista”.
“Já durante a subida, a tripulação questionou o CTA – controlador aéreo – sobre o sucedido com a presença de um veículo na pista, onde o CTA reportou ter sido um equívoco”, lê-se na Nota Informativa do GPIAAF.
Discutido o evento com o CTA, a tripulação procedeu com o voo para Liège, na Bélgica, onde aterrou duas horas depois em segurança e sem reporte de ocorrências adicionais.
Após a descolagem, segundo as comunicações via rádio entre a Torre de Controlo do Porto e a tripulação, a que a agência Lusa teve hoje acesso, ouve-se o piloto comandante a questionar o controlador aéreo se iria reportar a situação, considerando tratar-se de “um incidente bastante grave”, tendo o controlador aéreo respondido que a tripulação poderia reportar a situação, “se assim desejasse”.
A investigação do GPIAAF vai debruçar-se sobre “o funcionamento do órgão ATC [Controlo do Tráfego Aéreo] e os respetivos fatores organizacionais, procedimentos envolvidos na coordenação das operações de terra, os fatores humanos envolvidos, fatores técnicos e equipamentos disponíveis e as medidas de gestão do risco relativamente às incursões de pista”.