O Governo espanhol aprovou hoje uma ajuda de 475 milhões de euros à transportadora Air Europa, considerando-a uma empresa estratégica para a economia do país, cuja viabilidade foi posta em causa pela pandemia de covid-19.
O resgate consiste num empréstimo de 240 milhões em condições muito favoráveis ligadas à evolução da empresa e num empréstimo ordinário de 235 milhões, que terão de ser reembolsado nos próximos seis anos.
Este resgate é o primeiro que o Governo espanhol canalizou através do Fundo de Apoio à Solvabilidade das Empresas Estratégicas, que é gerido pela Sociedade Estatal de Propriedade Industrial (SEPI).
Esta operação de ajuda pública clarifica incertezas face à compra da empresa pela Iberia, que tinha sido fechada há exatamente um ano por 1.000 milhões de euros em dinheiro, mas que a pandemia obrigou a suspender.
A Air Europa terá o prazo máximo de seis anos para pagar o empréstimo e o Governo poderá nomear dois directores e propor um CEO.
A porta-voz do governo justificou o empréstimo dizendo que “a Air Europa é a segunda companhia aérea em Espanha e está presente em 130 aeroportos em 60 países”, sendo “uma empresa estratégica que presta um serviço essencial” e que “perdeu 95% da sua actividade” devido à crise provocada pelo novo coronavírus.
Mas na realidade a Air Europa é apenas a terceira maior companhia espanhola, com 19,015 milhões de passageiros nos aeroportos espanhóis em 2019, depois da Vueling, com 42,716 milhões, e da Iberia, com 20,641 milhões.
A Air Europa é a primeira empresa privada a aceder ao fundo de resgate de empresas estratégicas criado pela SEPI (Sociedad Estatal de Participaciones Industriales), holding das participações estatais de Espanha.
A Iberia vai agora examinar a nova situação da Air Europa, que, para além destes 475 milhões de euros de ajuda pública, tem um empréstimo de 140 milhões de euros garantido pelo Instituto de Crédito Oficial (ICO) e 600 milhões de euros de dívida, com resultados operacionais negativos.
Os 475 milhões de euros aprovados pelo Governo espanhol são mais 75 milhões de euros do que o montante que a companhia aérea tinha inicialmente solicitado, porque o agravamento da situação criada pela epidemia, desde que a Air Europa solicitou o resgate no início de setembro, agravou ainda mais as perspetivas comerciais da empresa, devido à queda do tráfego aéreo.
Desde o início da pandemia, a Air Europa tem tido receitas mínimas, que foram mesmo nulas durante o estado de emergência, entre março e junho, e teve de suportar custos, como o aluguer dos aviões, que custam uma média mensal entre 25 e 30 milhões de euros.