Este acordo permite avançar com ajuda pública à companhia aérea, tendo o Estado e David Neeleman assinado o contrato para a compra da participação de 22,5% do acionista norte-americano na TAP.
O Estado paga 55 milhões de euros a Neeleman e torna-se acionista maioritário da empresa ao ficar com 72,5%.
O comunicado enviado esta sexta-feira ao regulador dos mercados dá conta de que, com o acordo assinado, está aberta a porta para o empréstimo público do Estado à TAP, que pode chegar aos 1.200 milhões de euros.
A primeira tranche, de 250 milhões de euros, deve ser transferida para a transportadora nos próximos dias.
“No dia 16 de julho de 2020 e após a respetiva aprovação ao nível do Conselho de Administração da TAP SGPS, foi alcançado o acordo definitivo de todas as partes envolvidas no âmbito deste processo negocial (…) encontrando-se deste modo reunidas as condições para a formalização de todos os documentos contratuais tidos por necessários”, informa a transportadora aérea, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
No comunicado, a Transportes Aéreos Portugueses, S.A. (TAP) sublinha que a efectivação das operações previstas “está sujeita ao cumprimento de diversas condições precedentes, incluindo as autorizações regulatórias aplicáveis, bem como aprovações internas”. No comunicado, a TAP recorda o anúncio, no início do mês, de que o Estado português tinha chegado a um acordo de princípio com os acionistas privados da TAP SGPS, do qual se previa resultar uma alteração ao nível da estrutura acionista indireta da transportadora, e diz que as negociações decorreram ao longo das últimas semanas.
Além do empréstimo remunerado a favor do Grupo TAP de 946 milhões, ao qual poderão acrescer 254 milhões, sem que, contudo, o Estado se encontre vinculado à sua disponibilização, as negociações tinham em vista a aquisição, por parte do Estado Português, “de participações sociais, de direitos económicos e de uma parte das prestações acessórias da atual acionista da TAP SGPS, Atlantic Gateway, SGPS, Lda.”.
As negociações tinham ainda em vista a “celebração de um memorando de entendimento nos termos do qual a Azul, S.A. (acionista indireta da TAP SGPS) acordou renunciar ao respetivo direito de conversão enquanto titular de obrigações convertíveis emitidas pela TAP SGPS no valor nominal de 90 milhões de euros”.
Outro dos assuntos em cima da mesa era a “transmissão para a HPGB, SGPS, S.A. de ações representativas de 22,5% do capital social e direitos de voto da TAP SPGS, bem como de prestações acessórias na TAP SGPS, detidas pela Atlantic Gateway, SGPS, Lda., deixando assim a Atlantic Gateway, SGPS, Lda. de ser acionista da TAP SGPS”, acrescenta a nota.
O comunicado da TAP surge um dia depois de, numa nota divulgada no ‘site’ da Presidência da República, ter sido anunciada promulgação por Marcelo Rebelo de Sousa do diploma aprovado em Conselho de Ministros que autoriza o Estado a reforçar a posição na TAP para 72,5%, pelo montante de 55 milhões de euros.
Na mesma nota, é referido que o Presidente da República, “desde logo, afastou a hipótese de uma nacionalização ou apropriação por instrumentos de direito público”.
O decreto-lei aprovado na quinta-feira autoriza “a aquisição pelo Estado, através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, das participações sociais, dos direitos económicos e das prestações acessórias” da atual acionista da TAP SGPS Atlantic Gateway.
Com esta operação, estabelece-se “a transmissão de participações sociais representativas de 22,5% do capital social e dos direitos de voto na TAP SGPS, passando o Estado a deter uma participação social total de 72,5%, e os correspondentes direitos económicos, pelo montante de 55 milhões de euros”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.