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easyJet esperava mais serviços mínimos e acusa sindicato de ser irresponsável


 

A companhia área easyJet disse hoje que contava com um “nível mais elevado de serviços mínimos”, durante a greve de cinco dias dos tripulantes de cabine, que hoje se iniciou, acusando ainda o sindicato SNPVAC de ser “irresponsável”.

Numa nota enviada à Lusa, a transportadora disse que estava à espera de “um nível mais elevado de serviços mínimos, pelo que alguns voos previstos para Portugal não estão protegidos”, referindo ainda estar desapontada com “o sindicato por ter pressionado de forma muito agressiva os seus membros a não operarem esses voos e a perturbarem intencionalmente os planos de viagem dos passageiros, deixando-os retidos e cancelando as suas merecidas férias”.

“Trata-se de um comportamento irresponsável que tem como objetivo arruinar intencionalmente os planos de férias dos portugueses”, acusou.

Os tripulantes de cabine da easyJet iniciaram hoje uma greve que se prolonga até terça-feira para reivindicar condições semelhantes às das bases da transportadora noutros países.

A transportadora referiu hoje também que “em Lisboa, Porto e Faro a adesão à greve […] foi, até ao momento [início da tarde], de 57%”.

“Nas últimas semanas, reunimo-nos várias vezes com o SNPVAC [Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil] para tentar encontrar uma solução e conseguimos resolver parte dos pontos em aberto”, assegurou, garantindo que o seu objetivo “continua a ser o de encontrar um acordo positivo, garantindo também a manutenção dos postos de trabalho” e da sua “posição no mercado português”.

A companhia aérea voltou a dizer que as reivindicações do sindicato são “impraticáveis”, referindo que o salário da sua tripulação é “120% da média nacional do setor para tripulação e 154% para os chefes de cabine”.

“O salário bruto médio anual dos chefes de cabine é superior a 34.000 euros (mais benefícios adicionais de vários milhares de euros) e a nossa proposta elevaria esse valor para mais de 40.000 euros (mais benefícios adicionais de vários milhares de euros). Este valor seria quase o dobro do salário médio nacional”, assegurou, garantido que a oferta “compensa a inflação desde o último aumento salarial em 2019”.

A companhia aérea disse ainda ter implementado “recentemente um pagamento extra, sem impacto fiscal para os colaboradores (tudo pago pela empresa), sob a forma de um vale de férias easyJet a ser utilizado pelos colaboradores que pode ir até 1.200 euros”.

“O pedido mais recente do SNPVAC é um aumento de 44% da remuneração global para os contratos a tempo inteiro, o que é impraticável sem pôr em causa o futuro das nossas bases portuguesas”, destacou.

A easyJet rejeitou ainda que tenha cancelado hoje mais de 300 voos. “Para proteger os nossos clientes, consolidámos preventivamente o nosso programa de voos com base em Portugal, a fim de permitir aos passageiros gerirem os seus planos de viagem com antecedência e evitar perturbações no dia”, garantiu.

“Simplesmente não é verdade que tenhamos cancelado mais de 300 voos hoje, esses voos foram retirados do nosso programa há semanas, a fim de possibilitar que os clientes ajustassem os seus planos de viagem e evitassem ficar retidos devido à greve”, disse a transportadora, adiantando que hoje planeia “operar 100%” da sua programação “em Lisboa, Faro, Funchal e Porto Santo”. No Porto, “planeamos operar 89% do nosso horário (quatro cancelamentos)”, referiu.

O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil acusou hoje a easyJet de “ter um ‘budget’ para greves, mas não para aumentos salariais” e avisou que os tripulantes de cabine estão preparados para mais paralisações.

“Infelizmente, a empresa tem a postura de que quando fazemos um pré-aviso de greve eles cancelam as reuniões. A easyJet já tem um ‘budget’ [orçamento] para greves. Em França e Espanha também foi necessário haver uma, duas, três e infelizmente quatro greves para a empresa ouvir”, disse Ricardo Penarróias.

“Não é justo que um tripulante em Portugal ganhe menos 67% do que um tripulante em França ou na Alemanha. Não é o nível de vida de Portugal comparado com França que justifica esse diferencial. Estamos a falar de uma das bases mais rentáveis, rede essa que teve lucro no primeiro trimestre de 228 milhões. Os lucros têm de acompanhar as condições dos trabalhadores”, disse.