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Divulgar plano de reestruturação da SATA seria “causador de confusão significativa” – Administração

 

O presidente do conselho de administração do grupo SATA reiterou hoje que a transportadora aérea não deve divulgar o plano de reestruturação, porque tal causaria uma “confusão significativa” numa altura em que foi solicitado um auxílio de Estado.

Luís Rodrigues, ouvido na Comissão de Economia da Assembleia Regional no âmbito de um requerimento do PPM, considerou que divulgar o plano “seria causador de uma confusão significativa” da qual a empresa “definitivamente não precisa”.

A SATA, empresa pública açoriana, composta pela SATA Air Açores (responsável pelas ligações inter-ilhas) e pela Azores Airlines (que opera entre a região e o exterior), solicitou um auxílio de Estado de 163 milhões de euros, para “prover as necessidades de liquidez” até ao final deste ano, comunicou a empresa no início de julho.

Este auxílio representa um aval do Governo Regional para a empresa se financiar, sendo que o processo carece de autorização da Comissão Europeia, pelo que Luís Rodrigues salientou que o plano poderá sofrer ajustes.

“A divulgação do plano nesta fase seria considerada pela União Europeia (UE) uma forma de pressão totalmente inaceitável. Portanto, arriscar-nos-ia a levar com os remédios mais severos que eles [UE] possam a imaginar e aí a coisa virava-se contra nós”, afirmou Luís Rodrigues.

O responsável pela SATA acrescentou que a segunda versão do plano (reajustado devido à pandemia da covid-19) já foi entregue à Secretaria Regional dos Transportes e Obras Públicas e à vice-presidência do Governo Regional.

Luís Rodrigues avançou que as taxas de ocupação da companhia durante o mês de julho foram de 33% na ligação com os Estados Unidos, 40% nas ligações domésticas e 50% nos voos interilhas.

Após questionado pelo deputado do PPM Paulo Estêvão sobre uma notícia publicada no Açoriano Oriental que dava conta de não existirem despedimentos previstos no plano de reestruturação, o presidente da SATA considerou que os recursos humanos não são um dos “problemas” da SATA.

Luís Rodrigues assinalou que o grupo fatura cerca de 240 milhões de euros por ano, que a massa salarial com os recursos humanos representa 70 milhões de euros e que o défice anual da companhia nos “últimos anos” foi de 50 milhões de euros.

“A SATA estaria hoje a falar com a União europeia com covid ou sem covid. Ponto final parágrafo”, declarou, referindo-se ao pedido de auxílio de Estado.

A secretária regional dos Transportes e Obras Públicas, Ana Cunha, também ouvida na comissão, revelou que a recuperação da empresa passa por aproveitar os recursos humanos, assinalando que em “alguns casos”, ao longo dos últimos meses, as taxas de ocupação dos voos tiveram “quebras superiores a 88%”.

O deputado do PPM, que tinha solicitado informações acerca das taxas de ocupação e sobre o plano de reestruturação da companhia, considerou “uma mão cheia de nada” as informações prestadas por Luís Rodrigues.

Paulo Estêvão destacou que as audições foram requeridas há quase dois meses, em 28 maio, realçando que o “parlamento deve ser informado” dos assuntos relacionados com a empresa.