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Cabo Verde Airlines vai reduzir trabalhadores e Governo quer reverter privatização


 

O Governo cabo-verdiano inicia esta semana negociações para reverter a privatização da Cabo Verde Airlines (CVA), decisão que o primeiro-ministro justifica com a indisponibilidade dos investidores islandeses que lideram a companhia para a injeção de capital.

De referir que em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

A CVA, em que o Estado cabo-verdiano mantém uma posição de 39%, concentrou então a actividade nos voos internacionais a partir do hub do Sal, deixando os voos domésticos.

“O Governo vai encetar um processo de reverter a privatização dos 51% do capital que está na posse, hoje, da Loftleidir Icelandic, tendo em conta que nós não estamos a perspectivar que num futuro próximo, primeiro, haja injeção de capital por parte do parceiro estratégico de forma a garantir a perenização e a continuidade das operações da companhia”, disse o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, em declarações no domingo à noite, a partir do Sal, à televisão pública cabo-verdiana.

Como segundo motivo, Ulisses Correia e Silva apontou o “incumprimento de alguns acordos estabelecidos em março”, entre o Governo e a administração da CVA, para permitir a retoma das operações da companhia após 15 meses de suspensão da actividade devido à pandemia de covid-19.

Hoje ficou-se a saber que a Cabo Verde Airlines vai reduzir o número de trabalhadores, superior a 300 antes da pandemia, devido à quebra da atividade.

“A redução da atividade imposta à companhia devido aos bloqueios, fecho de fronteiras e outras restrições face à pandemia de covid-19, inevitavelmente levará a uma redução no número de trabalhadores”, afirmou o diretor-executivo da CVA, em declarações à Lusa, a propósito do plano da companhia cabo-verdiana para retomar a atividade, ao fim de 15 meses de suspensão devido à pandemia.

“A companhia cumprirá todos os requisitos legais relevantes nos contactos com os sindicatos sobre a melhor forma de abordar essas questões tão delicadas e importantes”, garantiu apenas Erlendur Svavarsson, sem avançar números sobre a redução de trabalhadores da companhia.

O Sindicato Nacional de Pilotos da Aviação Civil de Cabo Verde revelou publicamente nos últimos dias que a CVA pretende reduzir em 40% o total de pilotos da companhia, nomeadamente através de reformas antecipadas e não renovação de contratos.

A CVA previa ter retomado as operações na sexta-feira, com um voo da ilha do Sal para Lisboa e regresso, mas que acabou por ser cancelado após um diferendo com a empresa estatal ASA, que gere os aeroportos e o espaço aéreo cabo-verdiano, que não autorizou a partida. Contudo, até agora, a ASA, a CVA e o Governo cabo-verdiano não prestaram qualquer esclarecimento sobre o assunto.