Os resultados operacionais do Grupo SATA no primeiro semestre de 2019, apresentaram um desvio na ordem dos 40% relativamente ao estimado. Para o resultado operacional obtido contribuíram, essencialmente, as duas companhias aéreas, SATA Air Açores e SATA Internacional-Azores Airlines.
O resultado registado na SATA Internacional – Azores Airlines, acumulado a junho, apresenta uma melhoria de 1M€ face ao verificado no período homólogo de 2018, registando-se uma melhoria dos resultados operacionais em cerca de 1,8 M€. No que respeita à companhia aérea SATA Air Açores, os resultados obtidos apresentam uma degradação de 2,8 M€, face ao verificado no período homólogo de 2018, registando-se uma degradação dos resultados operacionais inferior a 2,3 M€.
No conjunto, os resultados obtidos apresentam um desvio negativo na ordem dos 40%, em relação ao que era previsto. Este desvio, explica-se, essencialmente, pelos seguintes motivos:
Na SATA Internacional – Azores Airlines:
A entrada tardia da unidade Airbus A321 LR Neo que, apesar da compensação atribuída à transportadora, levou à necessidade de contratação de aluguer de aeronave a terceiros (ACMI) por mais tempo do que o estimado; a imobilização prolongada (por motivos de manutenção de base) da aeronave Airbus A320, o que levou à necessidade de novo reforço adicional da frota da transportadora. Estas ocorrências, em simultâneo, a par da necessidade de efetuar manutenções não planeadas, foram responsáveis pelo desvio de 6 M€. Por inerência da necessidade adicional da contratação de ACMI agravaram-se os custos estimados para o combustível, em 2,5 M€, nesse mesmo período. Contudo, a introdução das unidades Airbus A321 Neo, permitiu registar uma poupança de 1,6M€ na parcela do combustível, quando comparado com a utilização da frota A310 e A330, o que deixa antever melhorias futuras, relativas à parcela do combustível.
Apesar das receitas da prestação de serviços terem melhorado 11,7% face a 2018, representando um total de 64,7M€ (mais 5,2M€ do que em 2018) este aumento não foi acompanhado pela redução de custos que se estimaram, embora tenham sido suficientes para colmatar o acréscimo de gastos operacionais em mais 3,4M€, face ao ano anterior. Contudo, a evolução das vendas permitem perceber o seu potencial de crescimento e assinalar o desempenho comercial positivo.
No que respeita à operação aérea em termos de lugares oferecidos, a operação foi similar a 2018, com cerca de 509 mil lugares oferecidos, tendo-se registado melhoria de 6,7% na taxa de ocupação (quase mais 10% do que os lugares utilizados em 2018).
Em suma, no que respeita à SATA Internacional – Azores Airlines, o resultado operacional estimado para o 1º semestre era de 20,4M€ negativos. Embora tenha sido melhorado o resultado operacional do 1º semestre de 2019 em 1,8M€ face a 2018, o mesmo não aconteceu face ao resultado operacional estimado que acabou por agravar-se em 5 M€, tendo-se saldado nos 25,4M€ negativos, para o primeiro semestre do ano 2019.
Relativamente às contas da transportadora SATA Air Açores, os resultados operacionais apresentam um agravamento de 2,3M€ face ao ano anterior, tendo contribuído negativamente para este resultado, os seguintes fatores:
Aumento dos gastos em cerca de 4,2M€ face ao ano anterior, decorrentes do aumento da operação aérea e custos inerentes; o aumento de gastos com comissões (GDS) e combustíveis; aumento dos custos de manutenção em cerca de 2,8M€, devido às manutenções pesadas efetuadas em 3 Q400 que atingiram os 9 anos de idade; aumento de 1,5M€ em gastos com pessoal, devido essencialmente à aplicação de acordos sindicais celebrados em julho de 2018 e ao aumento do efetivo de handling para reforço da operação, bem como do aumento de pessoal navegante (3 tripulantes e 2 pilotos) face ao mesmo período de 2018.
No que respeita à receita, registou-se um aumento com as prestações de serviços em 1,3M€ e o correspondente aumento de subsídio à exploração de 0,6M€, o que correspondeu a um aumento global de 1,9M€. A assinalar, ainda, o aumento da oferta lugares em cerca de 12.500 (+2,7% face a 2018), e o aumento de 18,8 mil lugares utilizados, mais 6,6% do que em 2018, correspondeu a cerca de 304 mil passageiros transportados, no 1º semestre.
Será de concluir, que os resultados obtidos ficaram aquém do esperado, porém os motivos que originaram a variação dos valores, foram, por um lado, externos e circunstanciais, e por outro lado, consequência da fase de estabilização operacional em que se encontram ambas as companhias aéreas. Será igualmente de sublinhar, que a recuperação financeira do Grupo SATA, está dependente, no essencial, de dois fatores: 1) por um lado da concretização do plano de recapitalização das empresas, que permitirá alcançar o equilíbrio operacional e financeiro e, por outro lado, 2) da capacidade e da coragem de manter a cadência de implementação de um conjunto de medidas (que, nalguns casos já se encontram em curso) e que visam alcançar maior eficiência da frota e dos serviços prestados, redução de gastos operacionais e comerciais, adequação da estrutura de financiamento e diminuição de gastos de estrutura.
Sem a concretização, em simultâneo e a breve trecho, de ambos os pressupostos (recapitalização e implementação cabal das medidas propostas), o Grupo SATA terá sérias dificuldades em apresentar resultados positivos e, consequentemente, condicionará a qualidade de prestar um serviço de transporte aéreo mais eficiente e competitivo.
MEDIDAS EM CURSO OU CONCLUÍDAS;
CONCLUSÃO DO PHASE OUT DO AIRBUS A310
Venda já concluída.
OTIMIZAÇÃO DE ESCALONAMENTOS DE TRIPULAÇÕES
Processo JÁ em curso de reorganização das escalas para mais eficiente utilização dos recursos humanos disponíveis bem como eliminação de ineficiências nos custos inerentes a deslocações, alojamento e ajudas de custo.
MELHORIA DA REGULARIDADE E PONTUALIDADE DOS VOOS
A regularidade e pontualidade dos voos tem um impacto nas compensações/indemnizações a passageiros.
A sua redução traduz-se numa importante medida de poupança. Tema fulcral e que concorre decisivamente para o restabelecimento da imagem pública do Grupo SATA. Medidas em curso.
OTIMIZAÇÃO NAS DESLOCAÇÕES EM SERVIÇO
Outras medidas de contenção serão igualmente implementadas no que refere a estadias e pernoitas a todos os níveis hierárquicos.
REDUÇÃO DE CONSUMO DE FUEL NA AZORES AIRLINES
Por via da introdução de aeronaves mais eficientes e por via do decréscimo de contratação de ACMI’s. Este pressuposto já se verifica, considerando a entrada em linha dos novos equipamentos. Acresce um projeto de eficiência de combustível a desenvolver pela Direção de Voo da Azores Airlines, similar ao já implementado na SATA Air Açores.
MAIOR CAPACITAÇÃO DA DIREÇÃO DE MANUTENÇÃO DA SATA AIR AÇORES PCOM VISTA À REDUÇÃO DA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO EXTERNO
Capacitação da SATA Air Açores, com dotação de meios técnicos e humanos a fim de reduzir a prestação de serviço de terceiros em determinadas intervenções de manutenção de aeronaves.
ALTERAÇÃO DO SISTEMA DE CATERING EM VOOS DOMÉSTICOS
Processo já desenvolvido no que respeita à adequação de menus distintos, considerando a faixa horária a que se destinam. Esta medida já promoveu uma redução de custos, sem prejuízo para o standard de serviço habitual. Outras medidas em relação ao serviço de bordo encontram-se em fase de ponderação. Trata-se de um projeto conjunto, que envolve as Direções Geral Comercial, de Operações de Voo e de Compras e Logística.
ADOÇÃO DE CLASSE ÚNICA ECONÓMICA NOS VOOS DOMÉSTICOS
Já acontece nos casos das ligações diretas entre Lisboa / Pico e Lisboa/ Horta para o próximo verão. Os dados recolhidos em sede de Revenue Management sugeriam a falta de procura pela classe executiva. Progressivamente, esta poderá ser uma medida a adotar em outras rotas domésticas, caso a procura assim o indique. Neste contexto, acresce o número de lugares oferecidos e decrescem os custos inerentes à oferta da classe executiva. Esta medida, a ser implementada, terá em conta os indicadores da receita, bem como o comportamento da procura, no próximo verão IATA. A regra não se aplica a voos domésticos com origem ou destino à América do Norte.
OUTSOURCING DO CALL CENTER
Processo que se encontra em fase de negociação e que pressupõe a contratação do serviço de Call Center a entidade externa, caso haja benefício direto para o Grupo SATA. A restruturação do efetivo far-se-á através da cedência de pessoal ao prestador de serviços e/ou através de reenquadramento dos colaboradores nas áreas operacionais, considerando as necessidades identificadas.
REDUÇÃO DAS ÁREAS ARRENDADAS
Redução das áreas arrendadas com a reorganização de espaços nos edifícios da Sede. Outras negociações encontram-se em curso, com vista à redução dos custos de arrendamento.
REVISÃO DE CONTRATOS DE ARRENDAMENTO COM AS ENTIDADES AEROPORTUÁRIAS
Revisão das condições contratuais em curso, com o objetivo de racionalizar os custos inerentes ao aluguer de espaços
INCENTIVOS PARA VOLUNTÁRIA REFORMA ANTECIPADA
Processo em análise e que poderá ser implementado ainda no decurso do ano 2019, caso estejam reunidas as condições financeiras necessárias à sua implementação.
INCREMENTO DO CHARTER
Reinvestimento na área do Charter considerando a maior disponibilidade de frota, a partir do próximo inverno IATA. Uma forma de mitigar o decréscimo de atividade, em época baixa
INCREMENTO DAS VENDAS EM CANAIS PRÓPRIOS (ONLINE)
Implementação de estratégia de vendas online que passa, na sua origem, pela melhoria do funcionamento do site de vendas SATA Azores Airlines. Processo encontra-se já em fase de desenvolvimento.
REVISÃO DE CONTRATOS
A diversos níveis com vista a valorização o serviço prestado pela área de handling e assistência a passageiros.
CONTRAÇÃO TRANSVERSAL DO ORÇAMENTOS
A medida envolve todas as Direções e Gabinetes. Decorre no seguimento do controle orçamental já efetuado nos orçamentos apresentados pelas diferentes áreas e da identificação de pontos passiveis de serem reduzidos e/ou melhorados.
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